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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

"Negro Cosme em Movimento" - Itapecuru e Chapadinha Recebem o Espetáculo Via Projeto Balaiada

Negro Cosme aborda a Balaiada
Negro Cosme aborda a Balaiada (Foto: Divulgação)


Os municípios maranhen­ses de Itapecuru-Mirim e Chapadinha recebem nesta quarta (09)  e sexta-feira (11) o espetáculo “Negro Cosme em Movimento”, via projeto Balaiada, uma iniciativa do Grupo Cena Aberta. O espetáculo faz parte da trilogia “Caras Pretas”, em andamento de montagem. A direção é de Luiz Pazzini. No elenco, estarão Necylia Monteiro, Renato Guterres, Rafael Paz, Tiago Andrade, Victor Silper e Andressa Passos.

O texto, de Igor Nascimento, aborda as relações complexas da Revolta da Balaiada (1838-1947), que aconteceu no período Imperial Brasileira, pouco conhecida pelos maranhenses e brasileiros em geral. Esse desconhecimento da história é reflexo da política oficial implantada desde a colonização e que se alastra até os dias atuais.

A historiografia oficial reduz a luta dos sertanejos, escravos aquilombados e outros maranhenses a insurgentes, facínoras, analfabetos e outros derivativos preconceituosos. A insatisfação que tomou conta dos excluídos do processo político, econômico e social da Província do Maranhão, com causas específicas, analisadas por diversos historiadores, estudiosos acadêmicos, e outros, foi o estopim para que o levante tomasse proporções assustadoras para o Imperador D. Pedro II, que enviou à província o estrategista Luís Alves de Lima e Silva, com o objetivo de “pacificar” a revolta, mas sob o manto da pacificação foram cometidas as maiores atrocidades. Hoje, o pacificador é tido como herói no panteão da história e os rebeldes, esquecidos como “bandidos” nos livros escolares e enterrados no subsolo da terra maranhense, onde lutaram pelos seus direitos de cidadãos.

A trilogia “Caras Pretas” e suas ramificações se fazem latentes na cena maranhense desde 2012, participando de vários eventos culturais, científicos e festivais, entre eles, o Festival Internacional de Teatro de Rua de Aracati (CE) e o 6º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária.

“Negro Cosme em Movimento” é uma pesquisa da linguagem cênica que tem por base a memória histórica maranhense (Revolta da Balaiada, 1838-1841), os espaços alternativos e do patrimônio histórico e artístico, o “Anjo da História”, de Walter Benjamin, e documentos históricos da revolta. Materiais estes que se interpenetram em uma dramaturgia aberta com traços estilísticos épicos, permeado pelo lírico e dramático.

O passado sendo olhado com os olhos do presente, em uma escritura dramática metalinguística composta da trilogia das estações históricas: eclosão da Revolta, em 1838, Invasão da Cadeia da Vila da Manga do Iguará (atual Nina Rodrigues), invasão dos revoltosos e o cerco da cidade de Caxias por Luiz Alves de Lima e Silva, além do enforcamento de Negro Cosme em Itapecuru-Mirim, em 1842.

Debates

A encenação está sempre em construção, que vai sendo acrescentada na proposta da escritura cênica embasada também por seminários internos e externos, oficinas performativas com inclusão dos participantes no roteiro do espetáculo. Os materiais que compõem o cenário, os figurinos e os adereços têm a marca da história, a exemplo da vela-cenário, da espada de Duque de Caxias, centenária, do processo de envelhecimento por meio de tingimentos com produtos naturais pa­ra os figurinos e adereços, como capas, pergaminho e banner em pinturas originais.

A cultura afrodescendente está presente nos cantos, nas danças guerreiras e nos toques de tambor, nas transições entre as estações. Poemas salmodiados rompem a linearidade das ações, com força lírica, vivificante, um chamado guerreiro que acentua o clímax dramático.

O Grupo de Pesquisa Teatral Cena Aberta foi formado em 2001, constituindo-se por graduandos do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Participa do Grupo Pedagogias Teatrais e Ações Culturais, cadastrado no sistema lattes CNPq, por meio do projeto de pesquisa “Memória e Encenação”. O grupo tem sua pes­quisa pautada na temática da memória, partindo das questões sócio-políticas maranhenses, com ênfase na trajetória do ne­gro em seus diversos momentos históricos.


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